Canadá é o novo vilão de
Guantánamo
Um dos maiores aliados dos EUA, o Canadá põe em risco o progresso
da libertação de detentos em Guantánamo
É difícil imaginar alguém feliz com o fato de ser deportado para um
Sudão em plena guerra e devastado pela seca. No entanto, não há
dúvidas de que esse destino veio como um alívio tremendo para
Ibrahim al-Qosi.
Durante a última década, a casa de al-Qosi foi uma cela em
Guantánamo, prisão dos Estados Unidos em Cuba.
Sua transferência para Khartoum, em julho, foi a primeira ação
do tipo, durante o governo de Obama, e uma indicação do quanto a
situação dos detentos (e da justiça militar) melhorou em Guantánamo,
assim como os obstáculos que ainda existem.
Os 52 anos de al-Qosi não representam nenhuma ameaça à segurança
nacional. Ele foi um trabalhador braçal nos campos de treinamento de
Osama Bin Laden após 1996. Em 2010, ele chegou a um acordo judicial
com o tribunal, admitindo ter apoiado o terrorismo em troca de mais 2
anos de reclusão. O Sudão concordou em recebê-lo após sua libertação.
Restam mais 168 prisioneiros a serem libertados. Um deles já teria sido
libertado se um dos aliados mais próximos dos EUA parasse de bloquear
sua repatriação.
Omar Khadr é um cidadão canadense que tinha 15 anos quando foi
capturado no Afeganistão, em 2002. Em 2010, Khadr se declarou culpado
de cinco acusações, incluindo assassinato, em um acordo que o tornou
elegível para uma transferência para uma prisão canadense, após mais um
ano de reclusão.
Em uma nota diplomática aos EUA, o governo do Canadá indicou que iria
“considerar favoravelmente” o retorno de Khadr. Agora, porém, o ministro
de Segurança Pública do Canadá, Vic Toews, mudou o tom da conversa para
um fluente “burocratês”. Citando a necessidade de um relatório da agência
de prisões do Canadá, ele se recusa a pedir formalmente a transferência de
Khadr, uma necessidade diplomática.
A crescente oposição da opinião pública é, sem dúvida, um fator influente
para Vic Toews: em uma pesquisa feita pelo Abacus Data, 53% dos canadenses
acham que Omar Khadr é uma ameaça à segurança.
A hesitação do Canadá teve um efeito perigoso em Guantánamo. O chefe
da promotoria dos EUA, Brigadeiro-General Mark R. Martins, tem,
sabiamente, feito acordos como os detentos dispostos a testemunhar
contra outros detentos, considerados de maior escalão da Al Qaeda. Ao
deixar Khadr no limbo, o Canadá tem prejudicado acordos semelhantes
com outros detentos.
Após as reformas de 2009, o sistema de tribunal militar, está finalmente
começando a trabalhar, e a nova ênfase em acordos com os detentos é um
dos maiores motivos. Mas, sem a colaboração do Canadá, esse progresso
mn está em risco.
OPINIÃO&NOTICIA
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