terça-feira, 24 de julho de 2012


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GUERRA NA SÍRIA

Síria enfrenta o risco de

 fragmentação e guerra civil

Conflitos entre as etnias sírias podem levar o país a ter o mesmo destino da Iugoslávia


Dias após a explosão que matou pessoas do círculo pessoal do presidente 
Bashar Assad, o secretário de Defesa dos EUA, Leon Panetta, fez a seguinte
 declaração: “Esta é uma situação que está rapidamente fugindo ao controle.
 Por esta razão, é extremamente importante que a comunidade internacional
 pressione ao máximo o presidente Assad para que ele faça o que é certo:
 recuar e permitir uma transição pacífica”, disse.
A preocupação de Panetta é compreensível, pois a Síria não está mais sob
 o controle absoluto do regime de Assad e, por trás do controle dos EUA
 e seus aliados (ou de qualquer outra força internacional), a iminente ameaça 
de uma guerra civil aumenta cada vez mais. Não é preciso dizer que o pedido
 de Panetta por mais pressão internacional para que Assad recue é apenas um
 desejo. O mesmo se pode dizer da ideia do governo de Obama de uma
 “transição controlada”, onde a oposição colaboraria com o regime, que 
permaneceria intacto após a saída de Assad.
A Rússia, por exemplo, permanece firme em sua posição contrária aos 
esforços para pressionar Assad. “Se é uma revolução, não é problema da
 ONU”, disse o ministro do exterior da Rússia, Sergei Lavrov.
É difícil acreditar que o regime de Assad conseguirá restabelecer o controle
 sobre a Síria. Até mesmo a elite sunita, antes a favor do regime, começou 
se afastar de Assad. A perda do apoio da elite sunita estabelece limites
 para um regime dominado pela minoria Alawite (que conta o apoio de
cristãos e outras minorias).
Analistas e ativistas da oposição sugerem que os membros leais a Assad
 aceitaram sua incapacidade de controlar toda a Síria. Eles direcionam seus 
esforços apenas aos lugares onde têm maior influência, como o norte de 
Damasco, em detrimento ao sul da cidade, de maioria sunita, ou mesmo
 de um estado costeiro de maioria Alawite  que possui o apoio da Rússia
 e fácil acesso marítimo à cidade de Tartus.
Em outras palavras, a Síria pode estar a caminho de uma fragmentação ao
 estilo da antiga Iugoslávia, ou de uma guerra civil institucionalizada, como
 a que durou 17 anos no país vizinho Líbano. Alguns perceberam indícios de
 uma tentativa de limpeza étnica nos ataques ocorridos em regiões sunitas 
contra Alawites. Além disso, os Curdos também estão à espreita. Segundo
 o The Telegraph, lideranças curdas planejam criar um território curdo autônomo.
Apesar do esquerdista italiano, Antonio Gramsci, ter escrito seus trabalhos
 na década de 30, dentro das prisões de Mussolini, eles poderiam descrever
 a situação atual da Síria com clareza. Gramsci diz que crises revolucionárias 
são momentos onde “o velho morre e o novo não consegue nascer”. O “velho”
 que está morrendo na Síria é o regime autoritário de 32 anos da família de Bashar
 Assad.
Oposição chinesa e russa
O ocidente falhou em obter o apoio da Russia e da China, que iniciaram uma
 espécie de pós-guerra fria geopolítica com o ocidente devido às intervenções
 nas zonas de conflito da Síria.
Na semana passada, o conselho de segurança da ONU debateu sobre a 
imposição de sanções à Síria mostrou outro conflito que acontece longe da
 Síria. Diplomatas ocidentais criticaram os vetos de China e Rússia e os
 classificaram como indesculpável e indefensável. Os dois países consideram
 que apenas impediram outra investida do ocidente na mudança de regime.

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