de imprensa aos jornalistas ao longo do tapete vermelho, onde o presidente
israelense, Shimon Peres, se preparava para receber Hillary Clinton. O
assessor se referia ao grande número de câmeras dispostas através de
uma porta da largura de uma única pessoa, mas poderia ter sido um lema
para o dia: 24 horas, cinco reuniões e uma coletiva de imprensa. Cinco]
minutos depois do assessor pedir ordem para os jornalistas, Hillary
chegou. A secretária de Estado dos Estados Unidos apressou seu
passo e estendeu a mão para Peres que caminhava em sua direção.
”Meu amigo”, disse ela.
Leia também: Hillary enfrenta desconfiança política em visita ao Egito
O que se seguiu foi um grande volume de negociações em Jerusalém
. Uma parcela significativa relacionada à disputa eleitoral norte-americana
e a diplomacia regional. “Estou ansioso para ouvir suas impressões
sobre o Egito”, disse o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu,
se referindo a visita do dia anterior de Hillary ao país.
As impressões de Clinton acabaram incluindo um sinal de alerta: ela foi
pega de surpresa, não tanto pelos manifestantes que atiraram tomates e
gritavam “Monica” em sua comitiva em Alexandria, mas com a veemência
dos cristãos egípcios, que em uma reunião fechada acusaram o governo
Obama de ter um plano para apoiar o fundamentalismo islâmico.
Em Jerusalém, ela procurou dissipar estas preocupações a partir de suas
observações preparadas para inserir simpatizantes “cristãos, muçulmanos
e judeus” em sua lista de pessoas que devem ser autorizadas a terem um
papel político. Hillary, em reunião de portas fechadas, também passou
o convite do presidente recém-eleito, Mohamed Morsi, da Irmandade
Muçulmana, para um encontro com Netanyahu.
Seja o que for que Morsi tenha a dizer, o convite em si é uma daquelas
novas realidades impensáveis antes da revolução do Egito. ”Não são
apenas os líderes que têm que trabalhar para isso. Os cidadãos têm que
trabalhar para isso”, disse Hillary sobre o frágil momento de transição
do Egito para a democracia.
Israel x Irã
Em seguida, o assunto foi o Irã e então o real motivo que levou Hillary
a Jerusalém: um esforço para convencer Netanyahu a não ordenar um
ataque aéreo contra instalações nucleares iranianas. Não só Hillary tem
tentado esse acordo, como no dia anterior Tom Donilon, da National
Security Advisory já havia se reunido com Netanyahu com o mesmo
objetivo e no final do mês, será a vez do secretário de Defesa, Leon
Panetta.
A realidade se torna bem mais complexa se considerarmos que as
baterias de mísseis de defesa israelenses estão ligadas a uma instalação
de radar dos EUA no deserto ao sul de Israel. Mas Hillary parece
determinada a mudar a posição cética de Netanyahu sobre as
negociações do impasse entre Teerã e os cinco membros do
Conselho de Segurança da ONU, mais a Alemanha: “Eu acho que
é absolutamente justo que se diga que estamos, neste momento,
tentando descobrir o nosso melhor caminho para enfrentar o Irã”, disse.
No último domingo, 14, surgiu um relatório que afirmava que o
governo de Netanyahu iria subsidiar os assentamentos judaicos em
novo território palestino na margem ocidental do rio Jordão,
revertendo uma promessa de não fazê-lo (os assentamentos são
ilegais sob a lei internacional). Com a notícia houve a especulação
de que a visita da secretária do Estado seria ofuscada. Isso não
aconteceu. Hillary falou apenas da necessidade de renovar as
negociações de paz com os palestinos, de forma abrangente:
“Os Estados Unidos continuarão a aparecer, como temos feito
há anos”, disse.
Este é um ano eleitoral, e Mitt Romney, o candidato republicano,
anunciou planos para visitar Israel no final do mês: “Acho que os
democratas estão basicamente tentando mostrar o cartão pró-Israel”,
disse Meir Javendanfar, especialista em Irã no Centro Inter-Disciplinar
em Herzliya, nos arredores de Tel Aviv. “Desta vez os norte-americanos
estão olhando para o outro, e acho que isso é o que realmente a
visita de Hillary Clinton mostrou. Para ganhar os estados de Ohio
e Flórida, você tem que ganhar o Estado de Israel”.
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